sábado, 20 de junho de 2009

Sussurro



Me lembro de cada palavra que eu te disse naquela noite. E você, se lembra? Lembro-me perfeitamente: você tinha feito um besteira terrível, talvez a pior da sua vida, e eu nunca havia te visto tão preocupado e desanimado. Eu, sonhadora inocente, procurei te consolar o dia inteiro. Me aproximei aos poucos e procurei demonstrar que sempre estaria ao seu lado. Você mal percebeu minha presença - ou, se percebeu, disfarçou muito bem, o que não seria de espantar-, e eu me preocupei verdadeiramente com você. Conversei com você, fiz cafuné, observei seu silêncio e cada gesto seu. Você não falou quase nada, mas eu sentia que você gostava do meu consolo.
Quando eu já não suportava te ver tão cabisbaixo, chamei-o para conversar, longe de todos, onde você se sentisse seguro, por mais inseguro que você estivesse. Você se assustou ao ouvir meu chamado, mas me seguiu sem nada dizer ou reclamar. Te olhei nos olhos, te abracei e comecei a falar. Lembro-me de todos os seus movimentos, do seu olhar de surpresa e gratidão. Como até aquele momento você não havia percebido, achei que o melhor seria logo falar, para que então você pudesse enxergar a verdade.
Conversamos calmamente - embora você mal tenha falado - e eu me mostrei do seu lado, mostrei meu apoio incondicional e o quanto você poderia confiar em mim. Sim, naquele momento minhas palavras realmente foram assimiladas por sua mente afoita e você finalmente se sentiu tranquilo. Não posso me esquecer da sua expressão de agradecimento.
Então você me agradeceu, me abraçou verdadeiramente e deu um beijo em minha bochecha. Eu também não pude deixar de lhe agradecer.

Hoje, quando olho para trás, só posso sentir saudade - e uma imensa felicidade.
Lembro-me de tudo. E você, se lembra?

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