sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Déjà vu



Na minha vida, tudo sempre ocorreu rapidamente demais, em velocidades tão assustadoras que acabo por ficar paralisada.
Tudo sempre muito rápido. Creio que, ao receber meu tempo, meu ritmo, fui agraciada com um relógio aparentemente normal. E, aparentemente, esqueceram de me avisar que o ritmo dele é totalmente diferente dos outros, que ele se movimenta tão rapidamente que parece tentar levantar voo.
Os acontecimentos vêm e vão sem que eu tenha tempo para refletir sobre eles. Às vezes, mal tenho tempo para perceber que ocorreram.
É estranho, é maluco, é meio assustador. Mas, ainda assim, não posso deixar de me sentir agradecida. Foi-me levado o tempo, mas foi-me deixada a intensidade de cada momento, de cada acontecimento. Mesmo que eu só consiga pensar no significado de cada vivência quando ela já se tornou passado, muitas vezes até quase distante, essa loucura vale a pena. É tudo rápido demais, mas talvez seja por isso que é tudo tão marcante. Porque passo a compreender que cada gesto, cada olhar e cada palavra têm um significado e uma importância indiscutíveis.
Cheguei a acreditar, por breves momentos de ingenuidade, que o meu tempo havia resolvido não correr tanto, que havia resolvido deixar que tudo ocorresse calmamente, uma coisa de cada vez. Mas, para me despertar, veio uma gigantesca reviravolta, sacudiu meu mundo e derrubou tudo o que eu tinha por certo . Bem típico desse meu tempo desesperado. E agora, mais uma vez, os acontecimentos aparecem e desaparecem em alta velocidade, sem que limites sejam conhecidos, sem que a calmaria possa se aproximar.
É sempre assim, um eterno vai e vem que não volta jamais.